O guerreiro borboleta
Em
um antigo vilarejo, vivia um homem chamado Zlem, que era sempre chamado para as
batalhas. Só que ele tinha um pensamento e uma promessa: 'jamais feriria alguém'.
Naqueles tempos, porém, tudo se resolvia através da espada.
E
com esse pensamento, Zlem saiu pelo vale, procurando e refletindo, a fim de
descobrir um meio de defender sua nação sem derramamento de sangue. Ele amava
andar por todos aqueles relvados e deitar debaixo dos ipês floridos.
Zlem
sentia-se muito feliz naquela atmosfera pacífica. Passava horas ali, ouvindo os
pássaros e os insetos com suas belas manifestações sonoras. Mas por saber que a
qualquer momento ele poderia ser chamado para a batalha, permanecia pensativo,
voltando constantemente para o seu dilema.
Enfim,
quando Zlem conseguiu se distrair um pouco, viu passar diante dos seus olhos
uma preciosidade: uma linda e majestosa borboleta. Não era uma simples
borboleta! Ela era enorme, dona de um colorido magnífico.
Encantado,
Zlem partiu na direção dela, querendo vê-la bem de pertinho. Apesar de ser
muito esperto, ele não conseguia tocá-la.
A
borboleta o intrigava. Ela chegava bem pertinho dele, parecia que queria
brincar e fazer hora com ele. Ela ficava ao seu alcance, mas desviava
facilmente de suas investidas, ainda agindo e se movimentando com certo grau de
delicadeza.
Todos
os dias em que Zlem ia passear naquela colina, sempre encontrava a borboleta.
Ela chamava a atenção, como se quisesse lhe ensinar algo. Dia após dia, ele
estava lá, tentando alcançá-la. Assim, já nem estava mais lembrando daquilo que
o preocupava.
A
cada dia que passava, Zlem ficava mais fissurado por aquela borboleta. Ele
corria, saltava e nada. Com muita tranquilidade e leveza, ela desviava de seus
avanços. Então, Zlem começou a pensar: “Se eu fosse como essa borboleta, eu
venceria as lutas sem golpear os meus ‘inimigos’”.
Daquele
dia em diante, Zlem passou a observar como a borboleta escapava de suas
investidas. Ele aprendeu que ela não se preocupava, nem sentia medo, mas
encarava tudo como uma diversão. Por isso, ela raciocinava melhor para se
esquivar dos seus ataques.
Cada
dia que passava, Zlem aprendia mais e mais com aquela tranquila borboleta. E
agindo com calma e diligência, assim como agia a borboleta, ele conseguiu
capturá-la. E quando ele a segurou e estendeu suas asas para fazer sua
observação, foi chegando uma moça de longas tranças e com vestidos de cores
nítidas e perfeitas, semelhantes às flores dos ipês.
Aquela
moça não era uma jovem comum. Era uma princesa em busca de um guerreiro
experiente para ajudar a proteger seu reino. Então, ela foi chegando de
mansinho e disse para Zlem:
_
Há muito tempo estou à procura de um guerreiro para defender meu reino. Mas que
não seja um simples lutador e, sim, alguém que batalhe sem carregar o peso do
ódio. Não suporto mais ver os guerreiros enlouquecidos pelo excesso de fúria.
_
Esta borboleta é de minha estima e foi treinada para escolher meu guerreiro e
meu companheiro.
Então,
Zlem soltou a borboleta e ela pousou parao ombro da jovem princesa. Depois, ela
foi se aproximando lentamente de Zlem e o abraçou calorosamente. A princesa
chegou a chorar de tanta emoção! Havia procurado em várias partes do mundo, mas
não havia encontrado ninguém semelhante à Zlem.
E
a princesa ficou ainda mais surpresa com o dilema de Zlem, que era o de lutar
sem ferir seus adversários. Ele lhe disse que estava muito feliz e satisfeito,
pois tinha aprendido com a borboleta a maneira como agiria.
Depois,
Zlem chamou a princesa para caminhar um pouco por aquelas colinas e vales
floridos. Tanto Zlem quanto a princesa tinham o mesmo ponto de vista e maneira
de apreciar a natureza. A linda princesa ficava cada vez mais impressionada e
entusiasmada com as atitudes pacíficas de Zlem.
No
fim daquela tarde, eles subiram em uma mangueira para contemplar o pôr do sol.
O clima estava perfeito! A brisa leve tocando suas faces, os pássaros
cantando e o sol se pondo lentamente naquela tarde avermelhada. Era um paraíso
para os dois pombinhos! Por fim, eles se deram as mãos, e o fim daquela tarde foi
selado com o já esperado beijo.
Depois
daquela maravilhosa tarde, Zlem foi para a sua casinha e a princesa retornou à
sua comitiva. Então, no outro dia, logo cedo, eles partiram em direção ao reino
daquela princesa. E, chegando lá, Zlem foi recebido com honras e festividades.
Depois, foi testado por alguns dos guerreiros do reino e, usando o que tinha
aprendido com a borboleta, lutou com alegria, calma e sabedoria. E com toda essa
tranquilidade, venceu-os facilmente, fazendo com que tropeçassem devido às suas
próprias distrações e atos impensados de fúria.
Depois,
Zlem passou a ensinar aqueles guerreiros a batalharem com leveza e bom
raciocínio. A grande batalha foi inevitável, mas eles conseguiram vencer. Todos
aqueles adversários ficaram pasmados com a maneira deles lutarem e, ao mesmo
tempo, comovidos pelo fato de não derramarem uma gota de sangue.
Zlem
assumiu o comando do reino e passou a dialogar com seus adversários, para tomar
decisões sobre todos os assuntos pendentes e fazer justiça. Zlem tinha muito
amor pelas pessoas e, assim, ele preferia ficar no prejuízo e evitar batalhas
desnecessárias a ganhar disputas e perder amizades. Com essas atitudes, ele
desfrutava da paz e do companheirismo de todos.
Zlem
tinha uma relação muito próxima até com os antigos inimigos daquele reino. Ele
mudou suas maneiras de pensar por agir com humildade e respeito. O reinado de
Zlem crescia e se fortalecia sem o emprego da violência. Todos naquelas
proximidades aprendiam com ele como curtir a vida, desfrutar da natureza e das
relações fraternais e amorosas. Todas aquelas pessoas se divertiam, celebrando
a vida por aqueles campos e seus belos jardins naturais.
No
reinado de Zlem, as pessoas tinham um compromisso de cuidar uma das outras e
tratar bem seus animais. Havia também o incentivo para que se plantassem todas
as espécies de árvores, e que os jardins e as hortas fossem bem cuidados.
Zlem
andava sempre acompanhado pela linda princesa, e ele era muito apaixonado por
ela. O seu casamento foi magnífico; as festividades duraram uma semana. E por
causa dos seus grandes laços de amizades, tiveram uma verdadeira multidão de
convidados. Não houve nenhum cerimonial como esse!
Zlem
era um homem de fé. Por isso, fazia tudo que estava de acordo com os princípios
de Deus. Ele evitava discussões, desafios, tudo que levava à degradação da
sociedade. Zlem valorizava a todos, e tratava-os de modo único, fazendo as
pessoas se sentirem especiais para ele. Seu reinado era prestigiado, mesmo
assim ele sentia-se igual a todos.
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